Saiba como prevenir e tratar a doença transmitida pela água contaminada em inundações
A temporada de chuvas que acompanha o verão traz como consequência enchentes em boa parte do país. E com elas vem o aumento de doenças infecciosas, como hepatite A, diarreias e leptospirose, transmitidas pelo contato com a água contamina. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a incidência da leptospirose pode aumentar em mais de 10 vezes em áreas afetadas por inundações provocadas por grandes temporais. Durante os alagamentos, a urina de ratos, presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama, disseminando a bactéria Leptospira.
Transmissão
Qualquer pessoa que tiver contato prolongado com a água contaminada pode ser infectada. A Leptospiraentra no corpo pela boca, nariz, olhos e pele. Embora a bactéria tenha mais facilidade de penetrar por meio de feridas e cortes, o contágio também pode ocorrer quando a pele íntegra fica imersa na água infectada. Além dos ratos, outros animais, como cães e gatos, podem adoecer e atuar como transmissores da doença. A ingestão de alimentos contaminados é outra porta de entrada, embora com menor frequência.
Perigo maior nas áreas urbanas
A leptospirose é uma doença grave, cuja letalidade pode chegar a 40%. Segundo o Laboratório de Zoonoses Bacterianas do Instituto Oswaldo Cruz (Labzoo/IOC/Fiocruz), que abriga o Serviço de Referência Nacional para Leptospirose em parceria com diversas instituições no Brasil e no exterior, todas as unidades da federação têm registros de incidência, porém é mais comum em áreas urbanas e em ambientes domiciliares.
Sintomas
Os principais sintomas costumam aparecer entre sete e 14 dias após a contaminação, mas é bom ficar atento mesmo depois desse período, porque o tempo de incubação pode chegar a 30 dias. Existem desde formas assintomáticas até quadros fulminantes. As manifestações podem ser leves ou graves, e nem sempre todos estão presentes. Os principais são:
- Febre
- Dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas
- Dor de cabeça
- Vômitos
- Diarréia
- Cerca de 30% dos pacientes apresentam olhos vermelhos
Em aproximadamente 15% dos casos, a leptospirose progride para a fase tardia, a partir da segunda semana, quando os sintomas se tornam mais graves e estão associados a pele e olhos amarelados, alterações urinárias, que podem evoluir para insuficiência renal, e hemorragias. Os pacientes também ficam suscetíveis à meningite e à uveíte (um tipo específico de inflamação nos olhos). Tosse seca e falta de ar podem acontecer quando há o comprometimento dos pulmões.
Diagnóstico
É importante buscar atendimento médico assim que houver a suspeita de infecção. O tratamento costuma ser mais eficaz na primeira semana após o início dos sintomas. Aos primeiros sinais, é feito o diagnóstico específico a partir da coleta de sangue. É possível verificar a presença de anticorpos para leptospirose (exame indireto) ou a presença da bactéria (exame direto). O método laboratorial depende da fase evolutiva do paciente.
Tratamento
A leptospirose é tratada geralmente com o uso de antibióticos. Casos graves podem exigir internação hospitalar. Seguir o tratamento de forma correta é fundamental para que não haja complicações nos rins, fígado, pulmões e até mesmo resultar em óbito. O acompanhamento do volume urinário e da função renal são importantes para reduzir a letalidade da doença.
Prevenção
Em situações de inundação, o Ministério da Saúde recomenda as seguintes medidas de prevenção:
• Cubra cortes ou arranhões com bandagens à prova d’água.
• Se possível, utilize botas e luvas para reduzir o contato com a água contaminada, ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés.
• Após as águas baixarem, retire a lama e desinfete pisos, paredes e bancadas com água sanitária, deixando agir por 15 minutos (sempre com a proteção de luvas e botas de borracha).
• Não nade ou beba água de fonte que possa estar contaminada pela água da enchente.
• Descarte alimentos e medicamentos que tiverem contato com a água da inundação.
• Trate a água antes do consumo, fervendo ou utilizando hipoclorito de sódio.
Fontes:
https://agencia.fiocruz.br/leptospirose-0
https://butantan.gov.br/noticias/leptospirose-saiba-quais-sao-os-riscos-da-doenca-e-como-se-prevenir-durante-enchentes-e-chuvas-intensas
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/l/leptospirose
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/l/leptospirose/diagnostico
https://vidasaudavel.einstein.br/leptospirose-tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-a-doenca/