Remédio bom é o que funciona. Entenda as diferenças e verdades por trás de cada um dos tipos à venda
Quando falamos em medicamentos, é normal surgirem dúvidas sobre os diferentes tipos disponíveis no mercado: referência, genérico e similar. É comum chegarmos na farmácia com a receita médica e o farmacêutico perguntar: “vai querer o genérico?”. Na hora, podem bater aquelas dúvidas: será que eu devia trocar? Funciona mesmo igual? Mas é tão mais barato…
O receio surge porque nem sempre temos clareza das diferenças. Embora todos sejam seguros e tenham a mesma finalidade terapêutica, existem distinções em relação à pesquisa original, comprovação científica, aparência e até ao preço. Saber identificá-los corretamente e desfazer mitos comuns é essencial para fazer escolhas conscientes sobre sua própria saúde.
Medicamento de referência: o “original”
O medicamento de referência é aquele que foi originalmente descoberto e desenvolvido por uma indústria farmacêutica, passando por longos e custosos processos de pesquisa (em laboratório), testes clínicos (em humanos) e aprovação regulatória.
Esse medicamento é protegido por patente por um período determinado. Após o vencimento da patente, outros laboratórios farmacêuticos podem produzir cópias, o que dá origem aos genéricos e similares.
Medicamento genérico: a cópia fiel e igualmente eficaz
Após o vencimento da patente do medicamento de referência, outras indústrias farmacêuticas podem produzir cópias — é assim que surgem os genéricos. Com o mesmo princípio ativo do original, mesma dose, forma farmacêutica, mesma via de administração e indicação terapêutica, os genéricos passam por testes rigorosos de bioequivalência, que comprovam que sua ação no organismo é idêntica à do medicamento original.
Por lei, o genérico é lançado por um preço 35% menor do que o de referência, pois os laboratórios que os produzem não precisam investir no caro processo de pesquisa e desenvolvimento do medicamento original. Um detalhe importante é que o genérico sempre vem em embalagens com uma faixa amarela e a letra “G” e não tem nome comercial, sendo identificado apenas pelo nome do princípio ativo.
Medicamento similar: entre o genérico e o referência
O similar é um medicamento que contém o mesmo princípio ativo, dose, forma farmacêutica e indicação terapêutica que o de referência, mas tem nome comercial e pode ter diferenças em cor, forma, sabor ou embalagem.
Quando os similares têm testes laboratoriais que comprovam sua equivalência com o medicamento de referência, eles passam a ser chamados de similares intercambiáveis — e podem ser substituídos pelo medicamento de referência ou vice-versa, pois passaram pela aprovação da Anvisa para isso.
Mas atenção: a troca entre um medicamento genérico e um similar não é permitida, pois não foram feitos testes comparativos entre eles. Cada um foi testado diretamente com o medicamento de referência, e não entre si. Portanto, a substituição só pode ocorrer entre similar e referência ou entre genérico e referência.
Como identificar cada um?
- Medicamento de referência: nome comercial conhecido.
- Medicamento genérico: caixa com faixa amarela e a letra “G” em azul, apenas o nome do princípio ativo aparece.
- Medicamento similar: nome comercial e nome do princípio ativo. Se for intercambiável, isso será indicado na bula com a seguinte frase:
“MEDICAMENTO SIMILAR EQUIVALENTE AO MEDICAMENTO DE REFERÊNCIA”.
Como saber se um similar é intercambiável?
A Anvisa disponibiliza uma ferramenta online para consulta. Para saber se um medicamento similar pode ser trocado pelo de referência, basta acessar:
👉 https://www.instagram.com/anvisaoficial/reel/C87U70DhpyG/
Ali é possível pesquisar medicamentos similares registrados e saber se são intercambiáveis, ver o nome do medicamento de referência correspondente e consultar o número de registro e informações detalhadas sobre segurança e eficácia da medicação prescrita.
Afinal, qual é o melhor?
Do ponto de vista terapêutico, não existe um “melhor” medicamento entre os três tipos. Todos os medicamentos aprovados pela Anvisa são eficazes, seguros e passam por critérios rigorosos. A escolha entre referência, genérico ou similar pode se basear na indicação médica, disponibilidade, preferência do paciente ou no preço.
Considerações finais
Osmedicamentos genéricos e similares representam avanços importantes no acesso à saúde no Brasil e na maioria dos países, porque aumentam a concorrência e a oferta de produtos. Por serem em geral mais baratos e fabricados por diversas indústrias farmacêuticas, genéricos e similares contribuem para ampliar o acesso da população a medicamentos de qualidade, seguros e eficazes.
Todos os medicamentos aprovados pela Anvisa, independentemente da categoria, passam por critérios rigorosos de controle de qualidade.
Em caso de dúvidas sobre substituições, peça a orientação para o seu médico ou para o farmacêutico de plantão nas farmácias e postos de saúde – um dos papéis desse profissional é orientar corretamente o paciente na hora da compra ou da dispensação. Confira, a seguir, tabelinha que indica as trocas permitidas.
Iguais, mas diferentes
Nas farmácias e postos de saúde, o profissional farmacêutico, em decisão conjunta com o paciente, poderá realizar a intercambialidade de medicamentos da seguinte forma:
Se o medicamento estiver prescrito seguindo a Denominação Comum Brasileira (DCB) ➪ Pode ser dispensado tanto o medicamento genérico, quanto o medicamento de referência.
Se o medicamento estiver prescrito com o nome do medicamento de referência ➪ Pode ser dispensado tanto o medicamento de referência quanto o medicamento genérico ou um similar intercambiável (equivalente, conforme indicado na bula).
Se o medicamento estiver prescrito com o nome do medicamento similar ➪ Se for intercambiável (equivalente, conforme indicado na bula), pode ser dispensado o medicamento de referência. Se não for intercambiável, deve ser dispensado somente o medicamento similar prescrito.
Fontes:
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/similares
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/genericos